Foto por Letícia Reis
Outro dia o nome de um blog me fez pensar na minha “história” – me sinto engraçada falando assim tendo só quase 20 anos de idade, mas vamos lá, todo mundo entendeu. “Maquiagem não é futilidade”, ele dizia. E aí lembrei de como as mulheres da minha infância sempre foram inteligentíssimas, estudiosas e do (graças à Deusa já superado por aqui) discurso de “É melhor uma biblioteca cheia de livros que um guarda-roupa lotado”. Maquiagem e roupas só eram assuntos quando eram alvos de críticas mil. Cresci repetindo sem pensar que “sou básica”, “maquiagem? não gosto!”.
Lá pelos meus 12 anos, quando as coleguinhas já tinham até alcançado um delineado perfeito (ok, eu também questionaria isso/me assusta muito) me permiti comprar meu primeiro batom vermelho. Ver aquela cor no meu rosto me deu uma sensação de poder, de alegria, me senti tão linda quanto nunca imaginei que sentiria. Junto, veio um pouquinho de culpa: eu deveria me sentir assim por uma maquiagem?
De repente resolvi que gostava de saias. De repente meu guarda-roupa tava lotado de estampas. De repente me vi estudando um pouquinho aqui e ali sobre moda e amando usá-la como forma de expressão. No meio disso tudo surgiu um tanto de blog legal e de conteúdo interessante me dizendo que tá tudo bem gostar de maquiagem, que tá tudo bem gostar de moda E de livros, que eu não precisava ser aquele esteriótipo de filme americano da garota nerd que só veste a mesma coisa sempre e não ousa nem um pouquinho.
No meio disso tudo também, as grandes mulheres da minha vida também foram se abrindo pra tudo isso. De repente minha mãe usa saia. Minha tia não sai sem um batom colorido. Até minha madrinha aprendeu a se maquiar e arrisca uma sombra brilhante de vez em quando. Minha mãe ainda olha torto quando experimento uma roupa diferentona ou quando passo mais de 20 minutos me maquiando; mas também se empolga de encontrar um creme novo com um cheirinho gostoso ou quando passamos na nossa loja favorita e ela experimenta um batom meio tom mais escuro.
Não é que todo mundo tenha que amar moda, viver de maquiagem e seguir à risca um cronograma capilar… – inclusive, NÃO! Ainda defendo que a gente tem que se amar como a gente é; mas que mal faz colorir um pouquinho mais o rosto quando der vontade?- É que eu fico muito aliviada de ver elas se abrindo pra experimentar coisas novas e de pensar que um dia isso será mais fácil pra minha filha- e que, é claro, apesar da minha empolgação com tudo isso ela pode nem ligar pra nada do tipo. Mas é que ela não vai precisar se sentir culpada quando ficar igualmente animada com um batom ou com um livro novo.
Eu fico feliz de saber que tá ok colocar um jeans velho, camiseta branca e all star batido pra ir pra faculdade com o cabelo preso num coque. Mas, que naqueles dias que o desanimo reina, a solução pode ser colocar meu vestido mais florido, o batom mais alegre, caprichar na finalização do cabelo e usar o “me sentir linda” como propulsor pra sair de casa e ir conquistar o mundo.
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