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Channel: A Menina da Janela
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Seguimos de mãos dadas

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Ninguém solta a mão de ninguém - por Laura Nolasco

Ô mesinho traiçoeiro que foi esse outubro, hein? Pela primeira vez desde que comecei a me organizar com o bullet journal e com o planner algo conseguiu me fazer perder completamente as estribeiras e quando percebi já estava há dias sem nem mesmo abrir o planner e me culpando muito por deixar o planejamento, organização, criação, tudo o que batalhei tanto e me me orgulhei tanto por conquistar, de lado.

O creative journal foi abandonado também e só rolou uma página no mês inteiro, os projetos foram esquecidos, parei de me exercitar como tinha conseguido fazer por um mês inteirinho. Todo o esforço foi por água abaixo e tudo o que eu queria durante todo o mês era me esconder debaixo da coberta e não sair nunca mais. Até a faculdade se tornou algo difícil e que eu evitei em todos os momentos que pude.

Conversando com uma professora na aula definimos que o mês foi violento. Eu não tenho palavra melhor: a gente sentia o cheiro do ódio no ar e de repente estávamos temendo pelas nossas vidas, pela nossa liberdade, pelos nossos irmãos. A briga, que até pouco tempo tinha apenas as redes sociais como ring, de repente invadiu até mesmo nossa casa e nossas famílias. Fiquei assustadíssima ao ver gente que esteve ao meu lado durante toda minha vida defendendo o indefensável.

Minha escolha foi me afastar: ficar perto de gente sem senso de humanidade e que não abre os olhos pra se preocupar com o outro (e não estamos falando de um outro distante – o outro que está sentado ali na mesma mesa, comendo da mesma panela) nunca foi uma opção. Forçar laços com gente que não consegue se colocar no seu lugar, entender o próprio lugar na sociedade e perceber que tal posicionamento fere e mata as pessoas que diz amar… não dá.

Mas não é por isso que me afastei do blog, obviamente. Inclusive, esse momento foi incrível para ter certeza de que estou acompanhando e dando audiência para as pessoas certas, de que fiz amigos certos, de que conheço um mar de pessoas incríveis. Foi um momento de me orgulhar mais que nunca da minha família e dos amigos que fiz aqui na blogsfera(e na vida) e que acompanho lá no instagram ou no facebook. Momento de admirar ainda mais profundamente um certo moço que chamo de amor.

Me afastei do blog porque falar de qualquer outra coisa parecia futilidade, parecia sem importância, e ainda não tinha digerido tudo o suficiente para conseguir falar como faço agora. Antes tudo parecia pesado demais. E não que tudo tenha se resolvido magicamente – as consequências desse ódio ainda serão sentidas e só pensar nisso me dá calafrios, mas já tive tempo suficiente pra respirar e pra unir forças, entender melhor tudo, confiar de novo na resistência.

E, como diz o belíssimo desenho da tatuadora mineira que marcou tão fortemente esse momento tão crítico, não soltei a mão de ninguém: Agora de forças renovadas- depois de muita vela, incenso e banho de cachoeira- estou aqui de volta para continuarmos construindo nossa corrente de amor. Para continuar criando, compartilhando alegrias, mostrando os momentos leves da vida, fazendo arte, vendo a beleza das coisas… Fazendo da vida poesia. Afinal, essa é nossa força… E eles não suportam poesia.

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