A ansiedade vai me engolindo e quando vejo já não tenho mais controle de mim. Já não dá pra focar na leitura, nas aulas, até os vídeos do youtube se tornam trilhas sonoras aleatórias pros pensamentos que não param nem por meio segundo. Dormir é difícil, comer fica esquecido e as unhas que outrora me orgulhava de estarem crescendo já viraram cotocos outra vez. Escrever é o maior desafio. Eu quero escrever. Quero seguir a vida normalmente. Quero conseguir falar sobre tudo o que tem acontecido. Mas a ansiedade me bloqueia as palavras, emudece, trava.
Eu respiro fundo, penso positivo, tento me controlar. Consigo por 5 ou 10 minutos e sei que já é uma vitória enorme – são essas pequenas grandes vitórias que nos mantem vivos. No abraço dele relaxo, distraio, encontro aconchego e durmo bem. Parece que tudo volta ao normal.
Basta o pensamento escapar por meio segundo e a barriga dói de novo. O monstro toma conta de mim e da minha respiração antes mesmo que eu perceba. Reconhecê-lo é difícil as vezes, uma companhia tão antiga que já é parte de mim. Lembro-me das primeiras vezes que o senti por perto, sem saber que nome dar… Não tinha idade suficiente para entender o conceito.
Com tanto tempo, a gente vai aprendendo a reconhecer. Sei listar uma por uma as inúmeras reações que ela provoca no meu corpo. E aí vou tentando controlar, lidar com ela, não deixar que tome conta de mim. Tento acreditar que cada uma das situações que a trazem de volta não são nada de demais – todo mundo passa por isso, eu também consigo. Mas as vezes tudo que eu queria era poder entrar numa redoma e não precisar passar por nenhuma decisão difícil. Nenhuma prova importante. Nenhum exame, avaliação, nada disso. Viver em uma ilha isolada onde os “E se” não entram.
Me lembro que não tenho ossos de vidro, que tudo vai ficar bem. Eu aguento cada um dos “E se” e tenho um tanto de gente fantástica ao redor pra me apoiar. Tento praticar aquele exercício de respiração de novo. Vai ficar tudo bem, independente do que aconteça… vai sim. Logo mais, amanhã já vem.
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